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Isaac With a Book

Isaac With a Book

Pequenos prazeres da leitura - Parte 1

Aquele gostinho especial que é conhecer bem uma personagem

22.09.24 | Isaac Barradas

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Neste post trago um tópico que, embora também esteja relacionado com a leitura, foca-se em nós, os leitores e não no livro que temos em mãos.

Quero muito saber se também se identificam com o tipo de sensações, algumas físicas outras não, que vou abordar nesta rubrica. Vai ser uma rubrica dividida por várias partes que vou escrevendo enquanto vou identificando estes pequenos prazeres da leitura.

Parte 1 - Aquele gostinho especial que é conhecer bem uma personagem

Podemos não concordar no autor, no género ou mesmo no melhor livro de uma saga. Na verdade existem imensos fatores que fazem com que nos identifiquemos com leituras e autores diferentes. Contudo, independentemente do tipo livro, à medida que vamos conhecendo as personagens e passando tempo com elas e os seus pensamentos, o avançar das páginas disperta sensações únicas. Acredito que são comuns a um grande número de leitores e são o que nos faz querer reler um livro ou passar imediatamente para o seguinte, quando é o caso.

Passo a explicar o que quero dizer com isto do "gostinho especial".

Sabem quando, durante um diálogo que não é particularmente importante para o enredo, conseguimos antecipar o que vai ser tido ou feito por uma personagem? É a isso que me refiro; falo daquele arrepio miudinho que sobe pela espinha e nos dá um micro-momento de "Já Sabia!". Claro que os grandes momentos das personagens também são importantes mas esses são guiados por valores que, normalmente, são estabelecidos ao longo da história. É por isso que falo dos pequenos momentos. Aqueles de respostas rápida ou talvez irrefletida. É nesses momentos que sinto isto.

Gosto de ter este tipo de sensação por vários motivos. Diz-me se te identificas com algum.

Primeiramente percebo que conheço a personagem porque passei muito tempo com ela. Acompanhei-a nos melhores e piores momentos das suas aventuras e fui desvendando a sua forma de pensar e agir, página após página. Mas isto não se resume só a personagens de que gosto. O ódio a uma personagem ou a riva são igualmente bem vindos.

Em segundo lugar, acho ter esta sensação é um grande mérito do autor(a). Mostra uma dedicação incrível ao desenvolvimento da personagem e uma capacidade brutal de se conseguir colocar no lugar do outro. Só assim é possível criar interações verdadeiras e que despertam emoções no leitor. Claro que é aqui que os grandes autores se destinguem.

Em terceiro, mas não menos importante, isto mostra-me que a leitura está a valer a pena e que o tempo dedicado a este livro está a ser bem empregue. É como que uma confirmação do que provavelmente já sabia mas mesmo assim me surpreende. E adoro ser surpreendido por um livro.

 

Em jeito de resumo deixo os meus parabens e agradecimentos a todos os autores que conseguem fazer o leitor sentir e viver a história. É por isto que gosto de ler fantasia.

 

Até já e boas leituras.

Isaac Barradas

 

 

Como manter a leitura na rotina diária

As ferramentas que me ajudaram a manter o hábito

18.09.24 | Isaac Barradas

Desde o ambiente que cada leitor escolhe, passando pelo seu género de eleição até às imagens que surgem mentalmente com o avançar da história, ler é uma experiência diferente para cada pessoa.

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Sobre o ambiente de leitura considero que existem dois tipos de leitores. Por um lado, existem os que se concentram em qualquer lugar, abrindo o livro assim que podem e sem qualquer problema com ruídos, conversas próximas, televisões ligadas ou música. Por oposição existem aqueles, nos quais me insiro, que precisam de criar o seu próprio espaço para ler, sem sons distrativos nem conversas paralelas. Para estes, acho que é mais desafiante introduzir a leitura na rotina diária.

Não gosto de ler em ambientes ruidosos ou muito movimentados nem com pessoas a falar à minha volta. Se a TV está ligada ou existe música ambiente sei que vou acabar a reler o mesmo parágrafo três ou quatro vezes. Não é o burburinho indistinto que me afeta. São as conversas perfeitamente audíveis ou um filme a passar no fundo em que consigo distinguir vozes e falas. Contudo, à excepção da adolescência, as circunstâncias da vida raramente me permitiram estar sentado durante horas a fio num lugar tranquilo a saborear as páginas de um livro. À media que cresci e as responsabilidades cresceram comigo, tornou-se mais dificil conseguir manter o hábito da leitura sem um ambiente propício.

Criar o meu próprio ambiente no caos da rotina

Ao longo de dez anos trabalhei com atendimento ao público, passei por alguns escritórios pequenos e dei formação presencial. Na maioria dos casos a sala de refeições era pequena e com tudo a acontecer ao mesmo tempo. Aqui, sabia que as distrações me iriam frustrar ao ponto de fechar o livro. Noutros casos, o almoço era com colegas e equipas em ocasições em que a ética social dita que não é correto deixar tudo em suspenso para abrir um livro. Decidi então mudar a minha estratégia.

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Foi então que descobri duas maravilhosas ferramentas para a minha leitura, uma das quais se mantêm até hoje. A primeira foram os meus AirPods com cancelamento ativo de ruído. Anulam todo o ruído exterior e devolvem-me aos meus pensamentos, de tal forma que se tornaram automáticamente nos meus fieis companheiros de leitura. A segunda, até há pouco tempo, era a app Bookly. Permitia-me registar toda a minha biblioteca, definir a leitura atual e acompanhar os meus tempos de leitura. A combinação destas duas ferramentas facilitou-me a criação do meu prórpio ambiente e permitiu-me manter o tão desejado tempo de leitura na minha rotina, encaixando-o no meio da azáfama diária. Tornou-se mais fácil ler nas tais salas de refeição onde tudo acontecia em simultanêo ou na área de restauração de um qualquer shopping a que o trabalho me levasse.

(Fazendo um "à parte", permitam-me que esclareça: Não acho que a leitura deva ser deixada para os momentos antes de ir dormir. Em mim, tem um de dois efeitos: ou me desperta ainda mais ou o cançaso do dia se sobrepõe e não tiro prazer algum das páginas. É este o motivo pelo qual me preocupo com a inclusão da leitura no meu quotidiano. Isso e porque gosto genuinamente de ler, claro.)

O bom, o mau e a corrida

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Sobre o Bookly posso afirmar que foi, durante muito tempo, um ótimo parceiro de leitura. Com lembretes diários e contabilização dos recordes pessoais, cumpriu a sua função e trouxe até algumas novidades muito bem vindas. A que mais me despertou o interesse foi a biblioteca de sons de fundo que contava com um riacho a correr, vento numa floresta, chuva e tempestade com trovões, o burburinho indistinto de um café e até os sons de fundo da cidade. Em retrospectiva, penso que foi a ferramenta certa para a fase certa da minha vida. Lembrava-me, à hora definida, e acompanhava as minhas leituras com mais estatísticas do que aquelas que alguma vez achei necessárias. Permitia-me definir objetivos realtivos a quantos livros queria ler no ano e também sobre quantas queria dedicar por dia. Dizia-me, inclusivé, quantas horas faltavam para terminar aquele livro, de acordo com a minha velocidade de leitura. Foi, sem dúvida, um companheiro à altura do desafio. (Digo "um" e não "uma" devido à mascote da app que podemos "vestir" para condizer com o que estamos a ler ou talvez com o nosso género preferido.)

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Contudo, sendo eu uma pessoa intra-competitiva (se é que este termo existe), a utilização de uma app deste género teve o seu lado negativo. Dei por mim a acelarar cada vez mais a minha leitura, página após página e a definir metas que sabia que não seriam atingidas. Queria ler mais em menos tempo e isso rapidamente se revelou contraditório ao prazer que procuro nos livros. Na maior parte dos casos acabei por ter que reler várias páginas porque, sem me aperceber, o foco passara a ser a corrida contra mim.

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Voltar ao básico

O grande entuito de uma aplicação deste género, a meu ver,  está dividio em duas partes. Primeiro ajuda a criar o hábito e depois a mantê-lo. Para mim a questão estava toda na segunda parte. Por isso. deixei a subscrição da app terminar e apaguei-a. Durante algum tempo voltei ao básico. Voltei ao simples prazer da leitura. Sem métricas nem objetivos, lendo apenas pelo prazer de ler.

Com o tempo, as circunstâncias da vida mudaram, como é natural e passei a trabalhar por contra própria. A minha rotina deu uma volta completa e passei a ter a facilidade de gerir o meu próprio horário. O carro passou a ser um segundo escritório, sendo o primeiro em casa, e o meu ambiente passou a ser controlado por mim. Tornou-se muito mais simples manter a leitura como parte da rotina diária. Seja quando levo o miúdo aos treinos de futebol ou quando tenho um vídeo a exportar para um cliente. Os tempos "mortos" são faceis de preencher com a leitura atual e é ainda mais fácil criar tempos dedicaos aos livros.

Mais recentemente comecei a utilizar o Notion, por motivos profissionais, e rápidamente me apercebi do potêncial desta ferramenta. Voltei a registar algumas das métricas da minha leitura mas mantive os erros do passado bem presentes para que não se repitam. Sobre o Notion e a minha "biblioteca digital" falarei noutro dia.

 

Até já e boas leituras.

Isaac Barradas

Livro físico ou e-book?

Entendo as vantagens mas não me convencem.

16.09.24 | Isaac Barradas

Recentemente decidi vasculhar no meu cantinho mental das experiências que reneguei sem sequer lhes ter dado uma hipótese e decidi desafiar-me. Seja páraquedismo, experimentar cozinha exótica, ou talvez correr uma maratona, penso todos temos aquelas ideias às quais dedicamos um confiante e sonoro "Não". Talvez por ideias pré-concebidas do que pode ser ou por algo que nos foi dito sobre essa experiência.

Para mim, uma dessas experiências era a leitura de e-books em detrimento dos livros físicos. O "Não" vinha da ideia de que comprar um livro digital siginificava abdicar por completo de todo o "ritual físico do livro novo". Significa deixar de ir à livraria, escolher o exemplar e trazê-lo para casa com aquele desejo miudinho de começar a lê-lo. Significa também que deixa de haver aquele icónico cheirinho a livro novo e que o prazer de o folhear desaparece. Tampouco existe a sensação de dever cumprido quando, depois de terminar a leitura, se coloca o livro na estante.

Mesmo assim decidi experimentar um e-book.
Recentemente vi a adaptação da Prime Video da "Rainha Vermelha" de Juan Gómez-Jurado e a representação cativou-me tanto que quis mergulhar na leitura. Talvez por não ser o meu género preferido, decidi comprar a versão em e-book no site da Bertrand. Depois de instalar a app Biblio Reader no iPad, comecei a ler e a verdade é que as vantagens se destacaram desde o ínicio.

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1 - Ecrã vs Papel

Por mais óbvio que pareça foi o ecrã que se destacou de imediato. Ter as "páginas" iluminadas  não só tornou a leitura mais fácil e eliminou as preocupações com a iluminação exterior como também simplificou a leitura nos dias em que o míudo me pede para ficar ao pé dele enquanto adormece. 

Mas, por outro lado, perdi o ritual da preparação da leitura. Eu gosto de poder pegar no livro, acender as luzes que são necessárias e por vezes abrir um pouco a porta da varanda para entrar o ar fresco. Gosto de saber que quando me sento para ler tenho o ambiente perfeito para me perder durante as próximas horas.

Assim sendo, entendo o comodismo do ecrã mas continuo a preferir o livro físico. Não só pelo clássico toque como também pela noção visual do quão avançado vou na leitura. O folhear de uma página é sempre um passo em frente na história. Adicionalmente, todos os momentos passados sem estar a olhar para um ecrã são bem vindos.

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2 - Tablet vs Peso

Uma outra vantagem é o peso. Segurar um tablet ou um leitor de e-books torna a leitura muito mais confortável quando comparado com os grandes volumes de fantasia que normalmente leio. Tenha 300 ou 1000 páginas, o e-book pesa exatamente o mesmo.

Onde o peso se reflete com maior impacto é no transporte. Normalmente levo a leitura atual comigo para aproveitar os momentos entre sessões fotográficas ou para ler durante o almoço e neste ponto tenho de admitir que o tablet me deixou completamente rendido. É muito mais leve, permite-me transportar toda a biblioteca em simultâneo e para guardar um excerto só tenho de fazer print screen ou, no caso da app da Bertrand, adicionar uma nota.

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3 - Aspeto da página

Embora o tamanho da letra dos livros físicos seja idêntica em quase todos, existem algumas variações e nem sempre são cómodos para longos períodos de leitura devido ao cansaço dos olhos. Aqui, o e-book tem uma clara vantagem porque permite ajustar o tamanho da letra para tornar a leitura mais cómoda bem como alterar a fonte e o fundo da página. Para alguém com a minha capacidade de visão (que vai sendo cada vez pior) esta liberdade de alteração do aspeto da página é muito bem vinda.

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4 - Disponibilidade Imediata

Esta última vantagem leva-me de volta ao desejo miudinho de começar a ler um novo livro. Neste aspeto não pode haver dúvidas de que os e-books preenchem esta necessidade eficazmente. Da mesma forma que encomendamos um qualquer acessório na Amazon ou fazemos as compras do mês através do site do supermercado, comprar um e-books é igualmente simples mas com um crucial fator de diferenciação: a disponibilidade é imediata e vitalícia.

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A convicção desfeita

A verdade é que parti para esta experiência de mente aberta. Acredito que a tecnologia, quando bem utilizada, melhora a nossa vida e torna-a mais simples. Este parece-me ser um dos casos. De tal forma que acabei por desfazer por completo o perconceito que tinha contra os e-books. Sei que ficou a faltar a experiência de ler num leitor dedicado em vez de num iPad e talvez os leitores que o fazem frequentemente me possam deixar a sua opinião nos comentários.

Quanto a mim, foi o primeiro e-book mas certamente não foi o último. É uma excelente forma de se ler e, na verdade, é isso que importa. Por opção, vou manter-me fiel aos livros físicos não só pelos rituais que eles me trazem como também pelo gosto especial de poder olhar para a minha estante que vai crescendo, vagarosa mas orgulhosa. Os livros contam histórias e uma estante repleta de lombadas conta uma ainda maior.

 

Até já e boas leituras.

Isaac Barradas

O Arquivo das Tempestades | Livro 1 - O Caminho dos Reis

Brandon Sanderson em Portugal, de novo.

13.09.24 | Isaac Barradas

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Brandon Sanderson chegou a Portugal! Na verdade é mais correto dizer que voltou. Já tinhamos livros dele, publicados pela Saída de Emergência há uns anos. O nome não me é nada estranho, nem o deveria ser a nenhum leitor de fantasia. Contudo, tampouco se asemelha completamente familiar. Confesso que ainda não li nada dele mas conheço-o. Basta uma passagem pelo tiktok e reels do instagram para ficar a perceber a enormidade da sua obra e a base de fãs que tem pelo mundo.

Mais recentemente ficou-me na memória por ser o nome que assina os dois últimos livros da saga de Robert Jordan "A Roda do Tempo", após a marte do autor. Mas, acima de tudo, conheço o nome por ser um dos grandes mestres da fantasia, dotado de uma capacidade de construção de mundos como nenhum outro e pelas suas diferentes sagas que acabam por se interligar.

Quando me deparei com "O Caminho dos Reis" nas prateleiras da Bertrand, soube de imediato que estava na altura de megulhar em mais um mundo fantástico. Já o adicionei à estante assim que terminar a re-leitura de "As Crónicas de Gelo e Fogo" que comecei com a nova edição especial, vou saltar de cabeça para este novo mundo.

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Pelo que já li, na diagonal, e pelas imensas reviews positivas e tiktoks a aclamar esta serie e personagens, admito que surgiu uma grande contade de por de lado a leitura atual e começar esta nova. Mas hei de lá chegar. para mim, o que mais se destacou não foi o tamanho do livro nem a beliíssima capa. Foi o prefácio em que o próprio Sanderson nos leva pela sua histºoriad e criação deste mundo e personagens. Como geek que sou, os meus olhos brilham aquando a possibilidade de entender um pouco mais do processo criativo do autor. Adicionalmente, Sanderson adiciona à sua descrição excertos exclusivos de versões passadas da história.

Se andam em busca de um novo livro e a fantasia é a vosa praia, aqui fica a dica:

 

Até já e boas leituras.

Isaac Barradas

As Crónicas de Gelo e Fogo | Edição Especial

Uma estante repleta de capas duras e iluminuras mediavais

13.09.24 | Isaac Barradas

Recentemente decidi voltar ao mundo de Westeros e reler "As Crónicas de Gelo e Fogo" e tenho de admitir que estou a adorar reler cada página.

Mas na verdade o que me faz escrever é mais do que esta vontade súbita. É a razão pela qual esta vontade surgiu: a edição especial limitada da saga.

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Há uns dias, numa ida ao supermercado, deparei-me com um topo que dava o seu melhor por destacar esta edição limitada. Perdido entre o corredor das promoções e o da livraria, ali estava. Se a coleção completa já se destaca por si só, vê-la na secção de livraria do Continente foi ainda mais surpreendente. Dificilmente encontro algo para alguém com os meus gostos e há muito que me conformei com isso. Para mim o supermercado não é o lugar ideal para comprar livros além dos aclamados novos lançamentos. Mas neste caso, nem mesmo as livrarias foram o lugar certo.

Não os comprei naquele dia. Embora só tivesse o primeiro volume de um edição da altura da estreia da primeira temporada na TV, o gasto era relativamente alto e eu sou daquelas pessoas que gosta de ter tudo direitinho. Não ia comprar apenas o primeiro volume e correr o risco de não encontrar os restantes.

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Os livros, organizados por volumes de capa dura e sobrecapa trabalhada com detalhes que remontam às iluminuras da idade média ficaram-me na ideia. O aspeto da encadernação é, sem dúvida o resultado de planeamento e design de quem adora este tipo de literatura. Cada livro tem a capa de cor diferente e na frente o orgulhoso símbolo de cada casa da história. O marcador destacável foi substítuido pela fita, dando-lhe um aspeto ainda mais medieval, se é que era essa a ideia.

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Surpreenderam, como já disse, pelo claro planeamento , dedicação e paixão colocados nesta reedição. Não me pareceram só mais um edição a querer tirar proveito de algum entusiasmo momentâneo. Pareceram-me uma coisa pensada para os verdadeiros leitores. Para os que verdadeiramente tiram prazer da leitura e que gostam de enbelezar as suas estantes com este tipo de edição.

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A vontade de relê-los foi crescendo silenciosa até que dei por mim em pesquisas no google sobre esta coleção. Reconheço que, acima de tudo, foi um capricho meu. Achei que ficariam bem na minha estante e não me enganei.

As minhas buscas levaram-me ao site da editora, a Saída de Emergência. Já tinha visitado pelas habituais paragens (Bertrand, Wook, Fnac e até a Worten) quando me deparei com o que a editora oferecia: Os mesmos livros, diretamente da fonte, com 40% de desconto sobre o seu preço original. Encomendei os dez volumes e chegaram dois dias depois. Foram diretos para a estante, à excepção do primeiro, que ficou na secretária para começar a ser lido nessa mesma noite.

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Permitam-me terminar dizendo que com este post só pretendo deixar o meu agradecimento e reconhecimento à Saída de Emergência pela dedicação a este tipo de litrarura. Digo também, esperançosamente, que espero que publiquem os últimos livros, quando forem lançados com este mesmo formato.

Deixo aqui o link do o site da editora para quem procura embelezar a sua estante. Basta criar conta e encomendar.

 

Até já e boas leituras.

Isaac Barradas

Sangue e Fogo | A História dos Reis Targaryen

Livros obrigatórios para fãs de fantasia e House of Dragons

12.09.24 | Isaac Barradas

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Atualmente é difícil falar de "Sangue e Fogo" sem falar de "House of the Dragon". Claro que é compreensível mas não deixa de ser um pouco ingrato para com Goerge R. R. Martin.

Dependendo de com quem se fale, as adaptações ao grande ecrã têm as suas vantagens e desvantagens. Entre as primeiras estará o facto de atrairem novos leitores curiosos para as obras originais. Entre as segundas estará a desilusão que os leitores mais fieis poderão ter ao ver a história e personagens serem alteradas para belprazer dos guionistas e produtores.

Mas, já muito foi dito pela serie. Aqui quero focar-me na minha modesta opinião sobre os livros de Martin.

Duas partes de um volume:

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Tal como aconteceu com a publicação dos volumes de "As Crónicas de Gelo e Fogo", em que cada livro original foi dividido em dois, o mesmo se passa com "Sangue E Fogo" e nós, em Portugal, recebemos duas partes do primeiro volume original.

Permitam-me um pequeno "à parte" sobre esta abordagemda editora:

Vejo a decisão da Saída de Emergência como mais do que justificada e a meu ver esta divisão tem pelo menos 3 vantagens: Além de tornar os livros mais fáceis de transportar para quem ainda não se rendeu aos e-books e gosta de uma biblioteca recheada, a divisão também torna a leitura mais gratificante. Estes são livros que poderiam perfeitamente estar entre as melhores obras de história do mundo, não fosse o reino ficcional e os dragões. A narrativa é tão fluída e detalhada que facilmente nos esquecemos que é uma obra de ficção. Torna a leitura tão rápida que se bebem as palavras e se avaliam as ilustrações sempre com a pressa calculada de chegar ao próximo capítulo. Por fim, e esta é uma vantagem para a editora, faz com eles possam ter mais lucro com os direitos de publicação da obra original, com um mercado que tenho a sensação de que se tem vindo a perder "lentamente" para os ecrãs e os seus streamings.

 

Sobre a leitura e a narrativa:

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Para quem já está familiarizado com o mundo de Westeros que chegou até nós com a publicação de "As Crónicas de Gelo e Fogo" é uma leitura mais do que obrigatória. Conhecem-se personagens das quais tinhamos apenas ouvido falar, ficamos a conhecer a história da unificação dos reinos pela dinastia Targaryen e o que tudo isso acarretou para este mundo bem como as suas batalhas pessoais. 

Contudo, quem já viu as duas temporadas da série pode estar a questionar-se: "Vale mesmo a pena dedicar-me a esta leitura?". A minha resposta é um sonoro e entusiasmado "Sim!". A narrativa dos livros começa muito antes dos tempos retratados na série, com o Aegon, o Conquistador e as suas irmãs e avança até muito depois da guerra dos verdes contra os negros. (Confesso que aqui estou a especular um pouco, já que o segundo livro termina pouco depois do rescaldo da guerra chamada " A Dança dos Dragões".)

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Quanto à narrativa em si, ela descreve-nos uma história grandiosa que nos apresenta personagens suficientemente distintos para que possamos odiar uns e amar outros. Ao longo da já conhecida tradição de casamentos incestuosos dos Targaryen, acompanhamos a ascenção e queda de reis crueis e sádicos e de outros sábios, ponderados e firmes. Conhecemos a sua linhagem e os objetivos por detrás das ligações entre casas. Lemos sobre o nascimento de dragões grandiosos e sobre morte de outros. Seguimos batalhas épicas que deram origem a guerreiros lendários onde outros pereceram. Ocasionalmente achamos que uma princesa ou princípe poderia necessitar de um pouco mais de disciplina e descernimento. Ficamos a conhecer os lordes de Westeros que foram suficientemente audazes para desafiar os montadores de dragões e os que cobardemente se submeteram às suas leis e regras.

É nesta narrativa organizada em forma de relato histórico que avançamos e recuamos nos eventos. Tudo graças aos apontamentos pessoais de meisters, septões, bobos e outros intervenientes ao longo do tempo.

Para mim, esta é a chave do sucesso desta história. George R. R. Martin apresenta-nos a casa Targaryen num épico relato histórico que tal como disse no ínicio, poderia perfeitamente estar entre as melhores obras de história do mundo, não fosse o reino ficcional e os dragões.

Pontos negativos:

O que mais me desgostou na tradução portuguesa é o facto de os nomes dos lugares terem sido também traduzidos. Sei que nem todos os leitores estarão familiarizados com os nomes originais e que talvez por isso tenham sido traduzidos. O meu problema com isto é que a rega não é clara. King's Landing passou a ser Porto Real, o que não me parece mal, mas Winterfell continou a ser Winterfell. Sunspear passou para Lançasolar e Dragon Stone para Pedra do Dragão. O mesmo se passa com os nomes dos Dragões. Balerion continua a ser Balerion mas Dreamfyre passou a ser Fogonírico. A casa Hightower continua a ser Hightower ma se falarmos do lugar já se chama Torralta.

Confesso que não sei qual é a regra que o tradutor segue e não estou, de modo nenhum, a críticar um trabalho que desconheço. Contudo, estando habituado aos nomes originais e que foram perpétuados pelas séries de TV, demorei um pouco a chegar às conclusões e associações que poderia chegar mais cedo se os nomes fossem os originais.

Pode parecer um preciosismo e provavelmente é-o. Contudo, opiniões são apenas isso: opiniões.

 

Em suma, estes são dois livros que recomendaria sem sobra de dúvida, quer para fãs da série que queiram redescobrir o mesmo mundo com novos olhos ou para os leitores mais fieis de Martin ou de fantasia no geral.

 

Até já e boas leituras.

Isaac Barradas